sábado, 18 de setembro de 2010



As estrelas cadentes mergulham no infinito. Suas mãos tremem.

O sonhador se envolve nos tecidos. O dia mais esperado torna-se um fruto colhido.

O toque é macio e percorre a longa cauda. A escolha prazerosa paralisa o tempo. O campo de flores aveludadas é colhido, para dar passagem ao empelicado. Mais uma estrela deixa sua cauda soltar o brilho pelo tempo.

“Quais são as chances?”. Repete um pensamento solto no boneco.
Repleto de desejos enternecidos, que transpassam o tecido. Perfaz-se a perfeição de uma realeza infinita. Olhos lânguidos tocam as vitrines e adquirem uma aparência brilhosa, profunda. Uma visão que entrega torpor e é poderosa atração, que alvoroça a alma de andar delicado.

A cidade cinzenta em um conto de fadas. Está na rua das noivas, como um passageiro de sonhos castos. Entre todos os corpos sem vida nas vitrines, ansiando pela mesma chance. Entre todas as outras coisas, um entregará seus trajes ao ápice do desejo.
Desce o manequim do pedestal. Trôpego, febril. Palpita algo na caixa em seu peito. “Que é minha forma? Sou um amorfo?”.  Apalpa a tez rigida. Respira. O ato faz soprar de cada junta uma morna bruma. Os olhos borbulham. O plástico salga. É sua quarta vestimenta.

Este é o jubileu do manequim.

É o dia mais esperado na rua das noivas.

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